segunda-feira, 2 de abril de 2012

CORRIDAS DE RUA AINDA DIFICULTAM A INCLUSÃO DE PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS VISUAIS

Deficiente visual adepto das corridas de rua aponta obstáculos para participar de provas em Curitiba    
Em todo o mundo, fala-se muito sobre a inclusão dos portadores de deficiência à sociedade: leis determinam a contratação de deficientes em empresas, cidades começam a adaptar sua arquitetura para facilitar o acesso a diferentes lugares, meios de transporte são modificados para dar cada vez mais autonomia a essas pessoas, que representam 14,5% da população brasileira (de acordo com o IBGE - censo 2000). Mas há uma área em que os avanços para a inclusão do deficiente ainda são muito tímidos: competições esportivas, especialmente corridas de rua.
A crítica é do educador físico William Meirelles, personal trainer, especializado na orientação de atletas para corridas de rua. Um de seus alunos, Eusébio Labadie Neto, é portador de deficiência visual severa, e tem enfrentado diversas dificuldades para participar de provas de rua em Curitiba. Eusébio treina há pouco mais de um ano e já tem alcançado destaque em algumas provas, mas enfrenta inúmeros obstáculos que, segundo o professor, poderiam ser facilmente resolvidos pelos organizadores das provas.
No último final de semana, Eusébio correu, na companhia do professor William, no Circuito das Estações Adidas. O atleta comemorou o fato de aumentar o percurso e melhorar o tempo – correu 10 Km em 54m39s. Mas, ainda antes da prova, já enfrentava dificuldades. A sinalização dos banheiros, por exemplo, quase não diferenciava o masculino do feminino. “Os banheiros estavam lado a lado, na mesma cor, apenas com a pequena plaquinha diferenciando o desenho do homem e da mulher. Para um deficiente visual, não dá pra diferenciar”, comentou William.
Em outra prova, um dos organizadores explicou o trajeto assim: “São cinco quilômetros pra cá e depois vira pra lá”. “Ora – comenta o personal trainer – para uma pessoa que enxerga quase nada, dizer ‘pra cá’ ou ‘pra lá’ não muda nada!”
O professor argumenta que a deficiência de Eusébio – e de tantos outros – não é impeditivo para que ele treine pesado e ponha em prática o sonho de participar de corridas de rua, mas ele defende que os organizadores deveriam pensar na inclusão. “E com pequenas mudanças, fáceis de serem adotadas, a situação já melhoraria muito”, conclui.

 AW COMUNICAÇÃO: www.adrianewerner.com.br
JORNALISTA ADRIANE WERNER: adriane@adrianewerner.com.br

terça-feira, 10 de maio de 2011

Teaser Desafio da Paz no Complexo do Alemão - 15 de maio



O Sargento Sérgio Dantas, do Bope, e William Reis, professor de Educação Física (formado em licenciatura e atualmente cursando bacharelado) e assistente de coordenação da Área de Esportes do AfroReggae, estão entre os mil atletas que vão correr o Desafio da Paz, no domingo, 15 de maio, no Complexo do Alemão. Eles gravaram um de seus treinos preparatórios para a corrida. Confira agora!


Crédito: 
Visite: http://www.youtube.com/user/AfroReggae

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Nike Free Run + 2


A primeira vez que eu vi este tênis eu achei medonho. Agora já acostumei e estou começando a pensar em comprar um. Gostei dessa aproximação com o pé humano. A evolução do design correndo atrás do movimento natural do pé.
Vale os 2:02 do vídeo.

Equipe VC
                                                                                                                                        
                                                                                                                                      Fábio J. Sousa

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Meu primeiro duathlon e suas consequências...

Edson Santos
Olá, caríssimos leitores do Vício Corrida!
Desde o lançamento do blog, nosso principal objetivo é trazer informações que contribuam com a melhora do desempenho de praticantes habituais e incentivem os que pretendem iniciar no maravilhoso mundo da corrida e da caminhada.
No domingo, 17/04/2011, participei da minha primeira prova de duathlon terrestre. Uma prova com 3km de corrida + 20km de ciclismo em Mountain Bike + 3km de corrida.
Antes de falar da prova, alguns pontos merecem destaque nesse relato.
1- De agosto de 2009 até o dia dessa prova a minha prática esportiva se resumia exclusivamente a corridas de rua. Participava das provas de 5, 10 e 12km intercaladas com treinos que variavam entre tiros de velocidade, ladeiras e trechos longos chegando aos 21km.
2- Desde que fui atropelado enquanto pedalava a minha bicicleta Monark amarela, ainda adolescente, perdi o interesse por esse meio de transporte. Aos 29 anos comprei uma Mountain Bike que enferrujou por falta de uso e acabei vendendo por valor aproximado de R$25,00 na moeda de hoje. Por conta disso pode-se imaginar que eu nunca pedalei 20km de distância...
3- Antes de ser atropelado e quase extinguir a bicicleta da minha vida, toda vez que pedalava por mais de 20 minutos sem parar, sofria com câimbras homéricas nas pernas. Em todas as demais atividades que pratiquei na vida (vôlei de praia e quadra, handebol, basquete, salto em altura e distância, tênis, natação...) nunca sofri desse mal. Curioso, não?
4- Nunca imaginei competir em duathlon ou triatlo por causa dos itens 1 a 3.
Agora sim, posso falar do meu primeiro duathlon e suas consequências.
A partir daqui, a dica que dou é: NUNCA participe de um evento dessa natureza se não estiver devidamente preparado, ok? Prometa isso para você mesmo.
Há um ano, aproximadamente, minha prática regular de corrida e treino motivou alguns amigos e amigas a entrarem no mundo das corridas de rua. Todos se empolgaram, consultaram seus médicos e hoje formamos a Equipe Vício Corrida.
Dentre os integrantes da equipe, alguns melhoraram tanto em desempenho que se lançaram em desafios maiores inscrevendo-se não só nas corridas de rua, mas também em provas de duathlon. É o caso do amigo Rodrigo Hecke que sempre gostou de bike e na sua primeira prova de duathlon já classificou entre os três primeiros com pódio e troféu. Vibrei muito com isso e pensei: “Puxa, que bom! Para ele...”
Com o passar do tempo os amigos começaram a me incentivar para participar de uma prova dessas só para ver se eu gostaria. As amigas Glaucia e Magali (que vocês já conhecem de postagens anteriores) compraram bike nova para participar dessas provas e me incentivaram a fazer o mesmo. Não esqueçam os itens 1 a 4.
No dia 10/04/2011, fomos todos correr uma prova de rua com 10km para os homens e 5 para as mulheres.
Como sempre, finalizamos bem a prova e voltamos para casa combinando a corrida do próximo domingo. Foi aí que parte da equipe disse que correria o Duathlon Terrestre de Rio Branco do Sul/PR. Isso me desmotivou um pouco e me fez PENSAR em participar do duathlon junto com eles, mesmo inseguro da ideia. O problema foi que eu pensei em participar desse evento. Pensei em voz alta e pronto! Todos se animaram com a possibilidade da minha participação e se empenharam em me ajudar na inscrição, conseguir bike emprestada, capacete, sapatilha e coragem para participar da prova. Inscrito na prova, só pensava comigo mesmo: “cuidado com as câimbras...”
No sábado anterior à prova, por volta das 22h30 eu consegui a bike para correr na manhã seguinte. Imaginem como foi a minha noite de “sono” por conta da ansiedade e dos itens 1 a 4... Eu sabia que me garantiria nos 3km iniciais e finais de corrida, afinal, estou mais adaptado a essas provas. O pavor estava no trecho de 20km de bike...
Domingo eu amanheci antes do “astro rei” e fiquei esperando a hora de ir para o evento. Encontrei os amigos na maior empolgação. Estávamos todos muito felizes e ansiosos pela prova. Eu tinha um sorriso meio amarelado no rosto por conta dos itens 1 a 4.
No trajeto até Rio Branco pude perceber que aquela cidade não tem nenhum trecho com mais de 2km planos. É só ladeira!!! Medo...
Chegamos com boa antecedência ao local de partida (uma praça que fica na parte alta da cidade) e vimos ladeira para todos os lados! Até aí, tudo bem. Eu estava bem preparado para os trechos de corrida.
Não vou me ater aos detalhes da organização precária da prova. Isso é detalhe neste momento.
A largada foi dada com uma contagem regressiva mixuruca de 5 segundos e lá fomos nós numa descida de 50m e uma íngreme subida com seus 350 metros logo de cara. Mesmo com todo aquecimento e alongamento o coração batia como o de um beija-flor (que chega a 80 batidas por segundo) nos primeiros metros.
Organismo adaptado, corpo aquecido e fechei os 3k em 13’25’’. Bom tempo para o tamanho das ladeiras.
Transição para a bike. Hora da verdade! Preocupado com os itens 1 a 4, deixei uma barra de bananada e uma garrafa com líquido repositor de carboidratos para ingerir antes de pedalar.
Comecei o ciclismo como um competidor de verdade. Capacete bem ajustado, sapatilha afixada no pedal, pedaladas firmes e olhar fixo no competidor da frente para não perder contato.
Só um detalhe: a minha bike tinha BAGAGEIRO!!!! Como era emprestada, achei melhor não descaracterizar a bike xodó do amigo que a cedeu gentilmente. No entanto, é raro ver um competidor num evento (em que o campeão brasileiro está presente) correndo com uma bike que dê para carregar uma pessoa na garupa...
Passados 3km de pedalada comecei a perceber a falta de pessoal de apoio no percurso. Quando me deparava com uma encruzilhada ou me defendendo dos caminhões, carros e motos para não ser atropelado novamente, perguntava aos moradores, curiosos e pedestres para onde eu deveria ir.
Caminho indicado pelos transeuntes, kilometros depois, deparei-me com uma rampa de mais de 1km em subida severa! Como se não bastasse, uma matilha de cães vira-latas ensandecidos atacavam as pernas de todos os competidores lentos que passavam pela frente da propriedade da qual eles eram responsáveis pela segurança. Ciclistas velozes não sofreram com os ataques. Eu sofri.
Subimos essa rampa que mais parecia a primeira parte de uma boa montanha russa e quando chegávamos no pico sentíamos o único alívio dessa prova: descer a mesma rampa. Nesse único momento de descanso, os anjos cantavam, as pernas paravam de trabalhar e o vento refrescante que batia no rosto da gente quase permitia um pequeno sorriso no canto da boca. Sorriso que foi apagado subitamente quando na minha frente, também descendo a rampa, vi uma carroça com cavalos sendo atacada pelos mesmos cães citados acima.
Preocupado em desviar dos animais e da carroça, guardei o sorriso e arregalei os olhos lembrando que meus pés estavam grudados no pedal pela sapatilha. Um tombo em descida sem poder pular da bike era uma ideia aterrorizante!
Consegui passar por esse trecho e logo ao fim da descida, adivinhem! Outra subida.
Pedalei com grande esforço e cheguei ao momento de mais uma descidinha curta que terminava numa avenida movimentada em forma de “T”.
Vi nessa esquina um colaborador do evento alternando velozmente o olhar entre a avenida e a rua de onde eu vinha descendo. O rapaz estava visivelmente preocupado e a velocidade da troca de olhar aumentava na medida em que eu me aproximava da avenida. Parecia que ele estava calculando algo como se quisesse ver se “dava”! Nesse momento recolhi mais uma vez o sorriso que começava a surgir no canto da minha boca trocando por um olhar apavorado.
O colaborador começou a movimentar os braços com veemência pedindo para o que estivesse vindo, sabe Deus o que fosse, parasse imediatamente deixando que eu fizesse a curva e seguisse meu caminho na “competição”.
Qual não foi minha surpresa quando cheguei ao ponto e vi que era um caminhão transportando uns 25 porcos na carroceria numa velocidade aproximada de 70km/h?
Usei o freio dianteiro da minha bike (só tinha esse) com toda força para evitar outro atropelamento, dessa vez seria um atropelamento mais ridículo que o da adolescência, pois seria atingido por 25 porcos na primeira competição de duathlon da minha vida!
O freio funcionou evitando a colisão. O motorista xingou o colaborador e eu estendendo o dedo médio da mão esquerda, mandando “tomar$%$%#%*@#@” e gritando que não ia parar de jeito nenhum.
Só mais um detalhe: tínhamos que completar duas voltas iguais de 10km pedalando por esse trecho, ou seja, dose dupla de cães ensandecidos, no mínimo.

Vou pular a segunda volta. Vamos para última transição bike/corrida e o sonho de terminar com o suplício.
Antes disso, faltando 20 metros para entrar na área de transição e descer da bike, destravei o pé direito do pedal e fiquei ao lado da bicicleta ainda em movimento até destravar o pé esquerdo e continuar correndo até o ponto de troca. O problema é que o pé esquerdo não estava destravado!

Em fração de segundos me vi embolado com a bicicleta e senti o calor de 35º do asfalto passando por todo meu corpo. A roda traseira passou ao lado da minha orelha direita e por um passe de mágica a sapatilha destravou do pedal. Nesse meio tempo, o meu calcanhar vinha pelas costas e quase passou por cima do ombro num movimento em forma de arco. No retorno do calcanhar o corpo conseguiu se estender definitivamente no solo quente. Vergonha... Dor... Vozes piedosas murmuravam coisas incompreensíveis... Tive a sensação de estar num lugar totalmente diferente de uma prova de duathlon...
Consegui me levantar com algum esforço e empurrar a bicicleta até o “estacionamento”. Tirei a sapatilha que restava no pé direito, calcei os tênis para correr os 3k finais, tirei o capacete e pus o boné de corrida. Nesse momento eu ainda tinha esperança de compensar o tempo perdido na bike com a corrida. Tá...
Os primeiros 35 metros foram percorridos como se minhas pernas fossem sustentadas por dois gravetos de bambu verde. Pisava no solo como se meus ossos fossem compostos pela mais sensível porcelana chinesa. A mente não tinha mais condições de raciocinar logicamente e não me orientava para muita coisa, só o desejo de finalizar a prova e não ME decepcionar.
Lembram que a corrida começava com pequena descida e grande subida? Pois bem. Em meio aos carros que passavam sem respeito a nós, a procissão do domingo de ramos e as difíceis ladeiras de Rio Branco, consegui me reequilibrar na corrida e encarei a subida de 350m correndo em ritmo de cruzeiro num pace de 6’30’’ / 7’.
Quando venci a subida o pior aconteceu: a primeira câimbra no posterior da coxa esquerda! A dor era tanta que minha mente, abobada pelo incrível esforço feito até então, me remeteu aos filmes de Wesley Snipes como se eu tivesse sido alvejado por um tiro de carabina disparado por um atirador de elite.
Gritei em voz baixa para mim mesmo: Sniper! Sniper! Sniper! Oh, meu Deus! Levei um tiro!
Subitamente parei de correr e iniciei um alongamento desesperado com a ponta do pé no meio fio. Enquanto gemia de dor, os transeuntes me olhavam como se eu fosse o E.T. de Varginha.
Alguns corredores penalizados passavam e me davam força dizendo coisas que meu estado não permitia compreender. Eu só sentia dor. Só isso.
Passada a contração involuntária, continuei andando e mancando igual ao “Cadeirudo” (daquela novela antiga) na esperança de completar os 2,5km restantes num trote leve. Arrisquei fazer o trote quando o “atirador de elite” do meu pesadelo disparou outro tiro. Dessa vez no posterior da coxa direita. Outra parada brusca, alongamento olhares estranhos, força dos corredores solidários que eu venceria sem câimbras e nova caminhada “cadeirudo” em direção à linha de chegada.
Alguém me sugeriu chamar a ambulância. Neguei pensando como esportista apaixonado que sou: “Falta muito pouco para eu chegar de carro. Nunca!”
Fui mancando até abrir o terceiro e último kilometro de prova. Foi quando senti mais dois tiros nos quadríceps direito e esquerdo. Acreditem, sentir câimbra nas duas coxas em versão frente e verso é quase fatal! Nunca imaginei...
A mente confusa já pensava em gritar para os transeuntes deitarem-se no chão e se protegerem dos atiradores de elite espalhados pelos prédios de Rio Branco.
Novamente a ambulância me alcançou.
A médica disse: “É você que está com câimbra?”
Respondi: “Sim! Sinto-me como um siri com câimbra, mas não vou entrar na viatura. Vou me arrastando até o fim, se necessário”
Médica: “Ok! Se precisar estaremos aqui!”
Pensei: “Preciso, mas não aceito...”
Bem, meus amigos. Consegui fechar a prova com 1’32’’passado pelo pórtico num trote leve. Preocupados, meus familiares e amigos me receberam com aplausos e abraços.
Terminei a prova na terceira posição da minha categoria (35-39 anos).
A premiação para os três primeiros era medalha e um troféu artesanal feito em arame.
Para não finalizar com algum sintoma de sorte, os troféus se esgotaram na premiação anterior por que a artesã responsável não produziu quantidade suficiente para todas as categorias. Por isso, como premiação, recebi a medalha como todos os outros participantes e como troféu ganhei um Squeeze. Isso mesmo! Aquelas garrafinhas de beber água.

Tudo bem... O que valeu mesmo foram a aventura, o aprendizado, o convívio com os amigos habituais e novos e, principalmente, o prazer de mais um desafio vencido nessa vida maravilhosa que Deus me deu. Ah! Também aquela deliciosa descarga de endorfina pós exercício...
As conseqüências dessa aventura foram: dores musculares intensas por falta de preparo para a prova, vontade de comprar uma bicicleta sem bagageiro, buscar a maior quantidade de informações sobe esse tipo de prova e iniciar o preparo para o próximo duathlon me trazer somente alegria.
Pensaram que eu diria “nunca mais”? Enganaram-se! Já penso na próxima prova!
Vou ao médico novamente e me prepararei como manda o figurino. Aguardem o post da minha segunda prova de duathlon.
Obrigado pela paciência de ler o texto até aqui.
Abraço para todos!
Edson Santos

Equipe Vicio Corrida